terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Sertãozinho tem escassez de imóveis para locação

aleska Mateus



Quem deseja alugar um imóvel no quadrilátero central de Sertãozinho vai se deparar com algumas dificuldades. Existem poucas opções e os valores estão inflacionados. A farmacêutica Kátia Paulucci procura um espaço para montar uma farmácia de manipulação há cerca de seis meses. Ou encontra salas pequenas ou casas em que os proprietários não aceitam as reformas necessárias para adequar a estrutura do imóvel às normas exigidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “Acho que é uma questão até mesmo cultural. As famílias são tradicionais e querem preservar as características da residência. Como já estou cansada, resolvi comprar um imóvel, assim posso mexer no que for preciso”, conta. O diretor de imobiliária Ricardo Pereira analisa que a escassez é reflexo de diversos fatores: como o desenvolvimento do setor do açúcar e do álcool, a valorização do comércio local e a resistência de famílias tradicionais. “Os aluguéis sofreram reajuste em torno de 150% nos últimos cinco anos”, afirma.

Desenvolvimento

Pereira explica que o quadrilátero central não acompanhou a demanda criada por esse desenvolvimento do comércio. “De cinco anos para cá ele vem se desgarrando do comércio de Ribeirão Preto, até mesmo o pedágio ajudou neste processo, pois se tornou uma barreira”, avalia. Além disso, a retomada do setor de álcool e açúcar e a diversificação da indústria tiveram um reflexo direto no seu fortalecimento. “Atraiu pessoas de fora, novos empresários e profissionais qualificados, tornando o comércio mais competitivo”, diz. O resultado: o metro quadrado na avenida principal, próximo a praça, passou de R$ 8 para R$ 20.

Bola de neve

O fator que mais contribui para o ‘boom’ inflacionário, segundo ele, foi a aceitação dos preços que nem sempre são condizentes com a realidade da cidade. Pereira explica que os proprietários ditam um valor que até mesmo os corretores avaliam como acima do mercado, mas a falta de opção leva os comerciantes a aceitaram, sem muita contestação. “As pessoas são obrigadas a concordaram com os valores altos”, desabafa Kátia. O comerciante Jovenal Fernandes também sente o reflexo desta inflação. Comenta, que diferente de cinco anos atrás, quando abriu a loja de roupas na rua Barão do Rio Branco, atualmente seria difícil conseguir se estabelecer no mesmo ponto. “Os imóveis, tanto para venda como para locação inflacionaram muito. Houve um marketing muito forte sobre a cidade que provocou isso. Hoje a procura é muito grande”, declara. Pereira comenta que a região do ‘antigo centro’ não foi projetada para comércio. A maioria dos imóveis era residencial, apenas alguns já eram adequados a estabelecimentos comerciais. Por conta disso, ressalta, muitos imóveis ainda pertecem a famílias tradicionais, o que representa um entrave cultural. “A grande dificuldade são as residências onde já moram a segunda ou terceira geração. Outra vezes este imóvel está empenhado na partilha da família, e a pessoa resiste em alugar ou mesmo fazer reformas”, informa. Em contrapartida, as pessoas ainda privilegiam o quarteirão central. “Demanda de localização dos clientes contra a posse de quem tem os imóveis, que são poucos”, conclui.

Comércio registra expansão

Há dois anos, quem passava pelo quarteirão da Barão do Rio Branco entre as ruas Pio Dufles e Fioravante Sicchieri, quase não encontrava lojas. Agora ele abriga imobiliária, lojas e magazines. Pereira conta que em 2000 o Centro se concentrava em cinco quadras, hoje já são nove. “Em menos de um ano foram criados oito novos pontos comerciais. Essa expansão é reflexo do crescimento forçado, de 20% ao ano, na procura de imóveis na região central”, afirma Ricardo Pereira, diretor de imobiliária.

Em sua opinião, como a cidade ainda não comporta um shopping e os poucos edifícios comerciais têm vocação para escritórios, a tendência natural é o crescimento do fluxo do comércio na extensão da avenida principal, sentido bairro. “Por um tempo esta demanda ainda será muito maior do que a oferta. Até que um centro ‘novo’ se firme como ponto comercial”, argumenta.

Fonte: Jornal A Cidade

Data: 25/04/07

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