terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Inadimplencia imobiliaria deve se disseminar

O ex-presidente do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos Estados Unidos) Alan Greenspan disse ontem prever que os efeitos dos episódios de inadimplência dos contratos de crédito imobiliário de risco (subprime, em inglês) vão se disseminar para esferas mais amplas da economia norte-americana, principalmente se houver queda dos preços das residências.

As bolsas dos Estados Unidos terminaram o dia de ontem em ligeira alta, ajudadas pelo bom desempenho de ações de bancos que acabaram contrabalançando os temores com o ritmo de desaquecimento da maior economia mundial e problemas no setor de financiamento imobiliário para clientes de alto risco.

“Se os preços caírem, teremos problemas — problemas no sentido de contaminação para outras áreas”, disse Greenspan em observações feitas em um encontro da Associação do Setor de Futuros realizada ontem em Boca Raton, na Flórida. Embora declare não ter detectado ainda essa propagação, Greenspan disse que prevê detectá-la. Os tomadores de financiamento da casa própria com menor capacidade financeira de quitar suas dívidas, ou os que têm histórico precário ou limitado de crédito, estão cada vez mais deixando de amortizar seus financiamentos depois que a adoção de parâmetros de financiamento mais liberais lhes possibilitou assumir uma dívida maior do que poderiam se permitir.

No mês passado, Greenspan disse a um público reunido em Toronto, no Canadá, que “a desordem do mercado de risco de financiamento da casa própria não tenderia a criar maior instabilidade financeira no restante da economia norte-americana”.

“Não se trata de um problema pequeno”, disse Greenspanontem. “Se pudéssemos conseguir que os preços subissem 10% ao toque de uma varinha de condão, o problema do crédito imobiliário de risco desapareceria”, acrescentou o ex-presidente do Federal Reserve.

Segundo a Associação de Bancos Hipotecários, existem atualmente nos Estados Unidos cerca de 6 milhões de empréstimos desse tipo. Na terça-feira passada, a associação informou que a inadimplência afeta quase 8% desse número, o que causou a segunda maior queda das bolsas nova-iorquinas em quatro anos.

Greenspan, que foi presidente do Fed por quase duas décadas até a posse de Ben S. Bernanke no cargo, 13 meses atrás, disse pelo menos por três vezes durante os últimos trinta dias que uma recessão é possível na economia norte-americana. Ele não disse que essa recessão tende a ocorrer.

Bernanke disse no último dia 2 de março que o Federal Reserve “não vê contaminação do aumento da inadimplência dos contratos de crédito imobiliário de risco sobre a economia como um todo”. No entanto, desde então, os problemas intensificaram-se. Além dos dados negativos divulgados pela Associação de Bancos Hipotecários, vieram as dificuldades da New Century, a segunda maior empresa do setor, que está sendo pressionada por seus credores e cuja cotação foi suspensa ontem.

“Naturalmente, vamos monitorar essa possibilidade com todo o cuidado”, acrescentou. Poucos dias atrás, Greenspan disse em entrevista que “há probabilidade de um terço de ocorrer uma recessão em 2007 nos EUA”. Comparativamente, Bernanke disse aos parlamentares a 28 de fevereiro que projeta uma aceleração do crescimento para os Estados Unidos.

Mercado de capitais

Wall Street encerrou o dia ontem com os principais índices acionários fechando em alta, apesar do noticiário desfavorável a respeito da economia norte-americana.

O indicador Dow Jones Industrial Average subiu 0,22%, aos 12.159,68 pontos. O eletrônico Nasdaq Composite avançou 0,29%, aos 2.378,70 pontos. E o índice Standard & Poor´s 500 ganhou 0,37%, aos 1.392,28 pontos.

As bolsas asiáticas e europeías também seguiram a mesma tendência. A Bolsa de Tóquio fechou em alta de 1,10% no índice Nikkei 225, com 16.860,39 pontos, depois de cair 2,92% no pregão de na última quarta-feira. A Bolsa de Xangai teve alta de 1,6%, fechando com 2.951,70 pontos, um dia depois de cair 2%. O FTSE-100, de Londres, fechou com alta de 2,21%, para 6.133 pontos. Em Frankfurt, o DAX terminou aos 6.585 pontos, com alta de 2,14%. O CAC 40, de Paris, avançou 1,77%, para 5.389 pontos.

Fonte: DCI

Data: 17/03/07

Nenhum comentário:

Postar um comentário