quarta-feira, 27 de maio de 2009

Imóveis populares puxam a retomada da demanda do setor

As medidas do programa habitacional "Minha Casa, Minha Vida" e a perspectiva de recuperação do cenário econômico vêm se refletindo no aquecimento da demanda por imóveis, principalmente pelas unidades destinadas à baixa renda, o que trouxe novas perspectivas para a maior parte das incorporadoras que atuam no segmento. Na divulgação dos resultados do primeiro trimestre, a PDG Empreendimentos e Participações e a MRV Engenharia elevaram suas projeções. A Gafisa e a controlada Tenda anunciaram metas para este ano. A Rossi Residencial informou que está migrando de um cenário conservador para um moderado.

O pacote habitacional foi lançado pelo governo federal em 25 de março, com início efetivo de implantação em 13 de abril. Desde o anúncio do "Minha Casa, Minha Vida", as incorporadoras de capital aberto já focadas no segmento econômico - MRV, PDG, Rodobens Negócios Imobiliários e Tenda - deixaram claro que poderiam ampliar ainda mais a produção para essa faixa em decorrência do programa.

Em razão do programa, a PDG revisou a projeção de lançamentos próprios em 2009 para a faixa de R$ 2,8 bilhões a R$ 3,5 bilhões. A projeção anterior era que a companhia lançaria de R$ 2 bilhões a R$ 3 bilhões. "Devido ao plano anunciado pelo governo, nossas vendas estão bem fortes", disse o diretor vice-presidente Financeiro e de Relações com Investidores da PDG, Michel Wurman, ao comentar a revisão. O aumento da meta refere-se a projetos voltados para a parcela de renda familiar de três a seis salários mínimos.

Em abril, a média semanal de vendas da PDG foi de 346 unidades, volume 36,8% maior que as 253 unidades do mesmo mês do ano passado. Wurman disse acreditar que o segundo trimestre será "muito forte" para a companhia em termos de vendas. Além do "Minha Casa, Minha Vida", as perspectivas da PDG para o trimestre se baseiam também nos feirões da Caixa Econômica Federal (CEF). Os feirões começaram no dia 14 de maio e vão até 21 de junho, e serão realizados em dez cidades.
Redução das incertezas

A MRV revisou a projeção de vendas contratadas de 2009 para a faixa de R$ 2,4 bilhões a R$ 2,9 bilhões, ante o intervalo estimado, anteriormente, de R$ 1,6 bilhão a R$ 2 bilhões. No primeiro trimestre, as vendas contratadas atingiram R$ 430,1 milhões, 26,4% acima do mesmo período do ano passado. Segundo o vice-presidente executivo e diretor de Relações com Investidores da MRV, Leonardo Corrêa, na segunda quinzena de abril, as vendas da MRV foram correspondentes ao dobro da média mensal do primeiro trimestre, como consequência das medidas do programa habitacional.

O pacote e a redução das incertezas em relação ao rumo da economia brasileira possibilitaram que a Gafisa definisse metas para este ano, segundo o diretor Financeiro e de Relações com Investidores da companhia, Alceu Duílio Calciolari. A Gafisa projeta vendas consolidadas de R$ 2,7 bilhões a R$ 3,2 bilhões este ano, incluindo as da própria companhia, da Tenda e de Alphaville. A participação da Gafisa nas vendas será de R$ 1 bilhão a R$ 1,2 bilhão, da Tenda, de R$ 1,4 bilhão a R$ 1,6 bilhão, e de Alphaville, de R$ 300 milhões a R$ 400 milhões. No primeiro trimestre, as vendas consolidadas cresceram 11%, para R$ 558 milhões. Conforme o diretor de Relações com Investidores, a expectativa é de vendas "um pouco maiores" nos próximos trimestres, para que a meta seja atingida.

A Rodobens, outra empresa citada por analistas como uma das principais beneficiadas pelo pacote, ainda não definiu novas metas para o ano. Antes do acirramento da crise financeira internacional, a projeção de lançamentos da Rodobens em 2009 era de R$ 1 bilhão. "Com a crise, as empresas pararam de anunciar metas. Em função do pacote, voltamos a ter expectativa de crescimento forte", disse o diretor-presidente da companhia, Eduardo Gorayeb. Em abril, as vendas da Rodobens aumentaram entre 70% e 80% em relação a março, a maior parte da expansão resultante do programa habitacional. No primeiro trimestre, a Rodobens lançou R$ 67 milhões (parte da companhia) e vendeu R$ 90 milhões.

As vendas contratadas da Rossi caíram 10% no primeiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado, para R$ 283 milhões (parcela da companhia), e os lançamentos tiveram queda de 20%, para R$ 143 milhões. No primeiro trimestre, a empresa trabalhou com cenário conservador, segundo o diretor Financeiro e de Relações com Investidores da companhia, Cassio Audi. Com a recuperação das vendas em março e abril, a Rossi passou a considerar um cenário moderado, em que os lançamentos da companhia em 2009 ficarão "praticamente em linha com o ano de 2008". "Mas não se trata de guidance", destaca o executivo.

Valorização das ações

As medidas do pacote foram uma das principais razões para a valorização das ações das incorporadoras este ano. As altas resultaram, em parte, da retomada das compras por estrangeiros e da alta do Ibovespa, segundo o analista da Fator Corretora, Eduardo Silveira. A Fator vai rever seus modelos de recomendação para o setor com base nos resultados do primeiro trimestre, das novas regras contábeis e das metas divulgados. No modelo anterior, a recomendação da corretora para a PDG e a Rodobens era de atraente, para Gafisa e MRV, de manutenção e, para a Tenda, de não atraente.

A queda da taxa de juros e o aumento do limite de financiamento com recursos da poupança e do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) de R$ 350 mil para R$ 500 mil também beneficiam o setor de incorporação. "No momento, não há motivos para vender ações do setor, mas o mercado continuará monitorando a demanda para saber se segue comprando. A expectativa é de neutro para positivo", disse um analista. O mercado continuará de olho na demanda por imóveis e nos níveis de estoques das incorporadoras. No primeiro trimestre, a maior parte das empresas evitou apostar suas fichas em lançamentos, preferindo focar as atenções na venda de estoques.

Fonte: Agência Estado

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