terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Pan so movimenta lado temporario do mercado de imoveis

Bruno Doro

No Rio de Janeiro



Em agosto de 2005, o mercado imobiliário brasileiro presenciou um fenômeno: a Vila Pan-Americana. Em uma hora, o condomínio, que antes de receber moradores fixos irá abrigar os atletas do Pan do Rio em julho, se tornou o empreendimento imobiliário de maior sucesso do país.

Nos primeiros 60 minutos, cerca de 1200 unidades foram vendidas. No primeiro dia, 1480 apartamentos já tinham dono, espalhados pelos 17 prédios, localizados em um grande terreno na divisa entre Jacarepaguá e Barra da Tijuca, um dos bairros mais valorizados do Rio de Janeiro. Hoje, apenas 2% das unidades ainda estão à venda.

O sucesso da Vila, porém, não contaminou o mercado imobiliário do Rio em áreas do Pan-Americano. Na verdade, o Rio 2007 está comprovando uma teoria já velha do mercado imobiliário: investimento em infra-estrutura, como transporte público e urbanização, vendem imóveis. Mas estádios de última geração em locais afastados, não.

Com a aproximação do evento, que começa no dia 13 de julho, o único lado do mercado imobiliário que está aquecido por causa do Pan, é o temporário. Quem garante é o Secovi Rio, o sindicato da habitação carioca, que reúne condomínios, administradoras e imobiliárias.

"O Pan-Americano não mudou muito as áreas de investimentos do Rio de Janeiro. A única coisa que aconteceu mesmo foi o aumento de procura por imóveis de temporada na Barra da Tijuca, que é o centro nervoso do Pan", afirma o vice-presidente de condomínios da Secovi, Leonardo Schneider.

Uma prova disso é a valorização do preço dos aluguéis na grande região da Barra, onde está a sede do Comitê Organizador dos Jogos e é considerado o coração do Pan -o vizinho Recreio dos Bandeirantes também sofreu efeito. Segundo dados da Secovi, os aluguéis na região subiram 22,5% desde dezembro de 2002, ano em que o Rio de Janeiro foi escolhido como sede do evento.

Outras regiões da cidade, no mesmo período, não sofreram a mesma valorização. A região de Botafogo/Humaitá, na zona Sul, próxima ao centro da cidade, por exemplo, teve aumento de 14% no período. Já o Leblon, a área mais valorizada hoje do Rio, só valorizou 4,5% entre 2002 e 2007.

Segundo ele, a grande diferença do momento atual é a grande movimentação de pessoas de fora para a cidade. "O Pan-Americano é um evento de grande porte e todo tipo de profissional está se mudando para o Rio, e para a Barra especificamente, para trabalhar. É um mercado novo na Barra, que normalmente não tinha oferta de imóveis para temporada", conta Schneider.

Em contrapartida, a região de Jacarepaguá, bairro que mais está recebendo investimentos em infra-estrutura para os Jogos, aponta a maior valorização no valor dos imóveis. Desde 2002 (ano da escolha do Rio como sede do Pan de 2007), um apartamento de quarto e sala no bairro valorizou 10,6%, enquanto em outras regiões, os imóveis sofreram desvalorização. Na Barra, por exemplo, os imóveis eram 16,7% mais caros há cinco anos.

"Na verdade, a região de Jacarepaguá é o novo pólo de crescimento do Rio de Janeiro. Isso iria acontecer com ou sem o Pan-Americano", explica Schneider. "Mas, claro, todas as construtoras vão usar o gancho do Pan como alavanca de marketing", completa.

A opinião da Secovi encontra opiniões distintas nas construtoras. Na linha de Schneider, a RJZ/Cyrella, uma das maiores do Rio de Janeiro, afirmou por meio de sua assessoria de imprensa que o Pan não alterou o preço de terrenos e imóveis na área da Barra e de Jacarepaguá. A construtora fala com conhecimento de causa: são 13 empreendimentos sendo construídos no momento nos dois bairros.

Já a construtora Rossi, que está preparando um condomínio em Jacarepaguá, próximo ao RioCentro, discorda. "Os terrenos naquela região sofreram um aumento de cerca de 30% por causa do Pan-Americano. É claro que o Pan não é o causador único desse aumento, mas é um dos fatores que explicam isso", afirma Jéssica Edelman, gerente de marketing da empresa.

O grande trunfo de Jacarepaguá são as obras de infra-estrutura que estão sendo feitas pela prefeitura. A Avenida Abelardo Bueno, em frente ao autódromo de Jacarepaguá, que está ganhando um centro aquático, uma arena multiuso e um velódromo, está sendo duplicada e urbanizada.

Em frente à Vila Pan-Americana, a avenida Ayrton Senna também está sendo duplicada e uma estação de tratamento de água está sendo construída para tratar o córrego que beira o empreendimento. Mesmo assim, o mercado imobiliário esperava uma movimentação maior pensando no Rio 2007.

"Existiam os planos de construção de um metrô que chegasse até aqui, novas linhas de barcas. Isso, sim, esquentaria o mercado imobiliário. Hoje, a Barra, por exemplo, sofre com o trânsito. Quem precisa ir para o centro em horário de rush, por exemplo, perde no mínimo duas horas", finaliza Schneider.

Fonte: UOL Esporte

Data: 28/05/07

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