terça-feira, 5 de maio de 2009

Imóvel sustentável sem pesar no orçamento

A sustentabilidade na construção de imóveis parecia um quesito distante dos consumidores e restrito, por exemplo, aos impactos da construção de usinas hidrelétricas em áreas florestais.

Porém, hoje isso mudou e muito. Tornar um imóvel sustentável não só é possível, como também economicamente viável. Muito pode ser feito no cotidiano para racionalizar o consumo e melhorar a relação com o meio ambiente, sem pesar no orçamento.

Mesmo diante de um mundo de possibilidades que se abrem para a atitude sustentável na construção e reforma do imóvel, ainda assim existem pequenos empecilhos que impedem a difusão dessa proposta.

Entraves ao imóvel sustentável

Para começar, a maioria das pessoas tem a falsa noção de que a construção sustentável custa caro, o que as leva a não utilizar as soluções existentes.

Além disso, "existe a informalidade, que reduz drasticamente a possibilidade de políticas públicas sustentáveis", reforça o conselheiro do CBCS (Conselho Brasileiro de Construção Sustentável), Vanderley John.

Mesmo que isso não aconteça, destaca John, ainda existem "agentes privados e públicos mal preparados para a questão". Ou seja, faltam recursos humanos capacitados para o exercício dessa ideia.

Começando pela definição: sustentável x ecológico

No entanto, mesmo com a falta de apoio de políticas e agentes públicos, os consumidores podem adotar por si próprios atitudes para uma construção sustentável. Em primeiro lugar, é preciso entender a diferença entre produtos ecológicos e sustentáveis.

O primeiro é feito por empresas pequenas, a partir de elementos naturais e não possui controle de qualidade rigoroso, explica a representante da Sustentax - empresa que certifica produtos e empreendimentos sustentáveis -, Paola Figueiredo.

Já o outro obedece critérios internacionais de sustentabilidade socioambiental e tem qualidade atestada. "Um produto não precisa ser ecológico para ser sustentável, ele deve ter baixa toxicidade e reduzida emissão de partículas, para garantir o bem-estar dos moradores", explica Paola.

Na prática

Entretanto, não basta entender a diferença de conceitos, se não aplicá-los na prática. Então, anote as dicas a seguir e exerça a sustentabilidade!

Certificação: escolha produtos com certificado de sustentabilidade. A Sustentax, por exemplo, já certificou diversos produtos e, segundo Paola, "todos eles já existem no mercado e são oferecidos com preços competitivos".

Dentre eles, estão tintas, materiais para piso, tecido, cola, adesivo, além de produtos que racionalizam o consumo de água, como descargas, vasos sanitários e torneiras.

Garantia: para verificação da sustentabilidade do produto, a empresa disponibiliza, desde agosto de 2008, uma lista de produtos certificados em seu site (www.sustentax.com.br), onde também é possível obter mais informações sobre edifícios sustentáveis.

Energia: um bom projeto de economia de energia, segundo o arquiteto Manolo Vilches, deve utilizar racionalidade de iluminação de ambientes, no uso de vedações e materiais transmissores de calor, a fim de economizar na luz artifical.

O aquecimento da água também entra nesse item e se torna sustentável com uso de energias alternativas, como as placas solares e os captadores eólicos.

Água: em relação à economia de água, Manolo indica um projeto com sistema de cisternas, que armazenam água da chuva para utilização em vasos sanitários e no jardim.

Outras medidas são o controle de água corrente em torneiras, com uso de temporizadores, e a implantação de sistema que reutiliza a água nos condomínios.

Materiais: a opção por materiais como a madeira de reflorestamento ou os tijolos de solo-cimento é, para o arquiteto, importantíssimo.

Mas também deve-se pensar nas relações indiretas que envolvem a fabricação de todos os materiais, como janelas de alumínio, telha de amianto, vidro temperado, acrílico e tecidos sintéticos de decoração.

Reciclagem de material: outra ação relevante é reciclar os materiais da construção, sabendo que cada um deve passar por um processo distinto, segundo o pesquisador do Centro de Tecnologia de Obras de Infra-Estrutura do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo).

A fração mineral - concreto, argamassa, cerâmica -, diz o especialista, pode ser usada como agregado reciclado. Já as madeiras, plásticos e papéis devem ser destinados à indústria, enquanto o aço pode ser reaproveitado pelas siderúrgicas.

Atitude sustentável que se expande

O conselheiro do CBCS ainda acrescenta que é fundamental que o pensamento sustentável não se destine apenas à etapa da construção.

"Para equilibrar as questões ambientais e sociais com os resultados econômicos, o foco é o ciclo de vida do edifício, afinal, grande parte dos impactos ambientais e sociais ocorrem ao longo da escolha e da compra da matéria-prima, da operação do edifício e da gestão de reaproveitamento de resíduos", destaca.

Além disso, vale lembrar que as novas construções contribuem para resolver uma parcela do problema, mas é necessário também investir em reformas, principalmente dos edifícios antigos, priorizando a redução do consumo de água, de energia e a segregação do lixo pelos condôminos.

Fonte: InfoMoney

Nenhum comentário:

Postar um comentário